
NOSTALGIA
Lázaro Barreto
Homenagem às estrelas do cinema das décadas de 40 e 50: Ava Gardner, Anne Francis, Alida Valli, Anouk Aimmé, Brigitte Bardot, Collen Gray, Catherine Deneuvre, Cláudia Cardinali, Claire Trevor, Doris Day, Dorothy Lamour, Debra Paget, Esther Willians, Eleanor Parker, Gene Tierney, Gina Lollobrigida, Grace Kelly, Ingrid Bergman, Ida Lupino, Jane Fonda, Janeth Leigh, Jean Arthur, Judy Garland, Jeanne Moureau, Lizabeth Scott, Liv Ulmann, Lana Turner, Loreta Young, Lesli Caron, Marilyn Monroe, Mala Power, Mary Murphy, Micheline Presle, Milene Demongeot, Olívia de Havilland, Píer Angeli, Paullete Goddard, Patrícia Neal, Rita Hayworth, Rossana Podestá, Ruth Roman, Ronda Flemming, Sofia Loren, Silvana Mangano, Simone Signoret, Tereza Wright, Wanda Hendrick.
Homenagem extensiva às similares estrelas brasileiras do estrelato cotidiano da mesma época, anônimas.
Para chegar perto da rosa em suas rosas viajei
nos dedos, na língua e no sopro do saxofoneno vocabulário do Aurélio
nos étimos e tropos da filologia
no trivio da gramática-retórica-dialética
até fincar na terra um galho de roseira e saber
que como ela as flores têm óvulos nos ovárioso
cálice de folhas verdes nos bordos do tálamo
as pétalas dentro do cálice e as glândulas
que elaboram suspiros e secreçõese
a saliva da boca e a insulina do sangue.
O relevo do terreno na sombra da árvore está ali
para eu deitar e olhar com os olhos fechados dentro de mim
olhar e ver as filigranas dos gravetos secos e verdes
os intervalos entre as coisas e as palavrasda natureza
nela e em mim:ela que parece viver com a rosa para a lua
tão libidinosa (a rosa) e tão carinhosa (a lua).
O desenho da beleza começa no ovário e no carpelo vai pelo pistilo afora
esgalhando nos estames e pétalas
até desabrochar na corola e na provisão de néctar (perfume e doçura)
e nas cores da melhor vida melhor!
Foi assim que conheci a rosa mulher e flora formosa na pureza da sedução
a boca musical ornamentada
a filha caçula da família dicotiledônea o vitral da igreja,
a agulha de marear a mostradeira dos rumos infinitoso
amor agarradinho da trepadeira do jardim.
Se eu viver muito tempo quem
comigo conviver há de dizer
que não me entendeu.
Pudera! tampouco eu me entendi!
Tanto andei em tantas peripécias
para chegar ao rosto dos eflúvios e fluidos
aos hormônios perfumados da rosa de Jericó
a que podia ter muito amor sexualali no íntimo
apesar do estorvo de tantas abelhas
nas idéias e nos corações
a fazerem outro mel de outro amor.
A rubra rosa dos cancioneiros medievais
pontua cinco vezes o corpo sensual
é assim que chegamos antes de chegar
é assim que beijamos antes de comer
são cinco as marcas da libido do desejo(os mesmos cinco desejos da paixão).
É assim que chegamos perto da fotossíntese
da clorofila cinco milhões de vezes
a tocar no caule na floema no estoma
no xilemanas anteras e nos feixes e tecidos vasculares
nos cílios nos mamilos no clitóris na rosa na rosa
é assim que chegamos
agraciados de *pólens benfazejos.
Lázaro Barreto, grande escritor mineiro, de Divinópolis, a quem publiquei quando trabalhei na Gazeta Comercial, de Juiz de Fora, MG, nos Anos 60,completou mais de sete décadas de existir- e a sensualidade plena, a aflorar nos versos.
Escreveu, com Adélia Prado, o Auto natalino Lapinha de Jesus.
E mais, entre outros e outro tanto de inéditos:Árvore No Telhado;A cabeça de Ouro do Profeta.
Fonte:blog do autor
lazarobarreto.blogspot.
Contatos:lvrb@ig.com.br