segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

PRIMEIRA VEZ,Clevane Pessoa




Primeira Vez



Na colheita de primícias,
a amora esmagada tinge
o níveo lençol de linho...
Um mundo, então de delícias,
todos sentidos atinge
através de um forte espinho...
Um aroma preenche o ar em torno
Os beijos, ora em pianíssimo,
ora vendavais a ser,
gosto de pêssego morno,
sumarento, gostosíssimo...
Então a dor vira prazer...

belo Horizonte,dezembro,2004


clevane pessoa de araújo lopes
Publicado no Recanto das Letras em 24/04/2006
Código do texto: T144662



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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Theorgasmia,Clevane Pessoa



Theorgasmia


Desnuda parte do corpo, parte a alma
e oferece a Marte,o espelho de Vênus,
onde observa a arte dos seios plenos
bela,curiosa, intimorata e calma...
Em breve, dois deuses nus,
deu-se o fato, o olfato se aprofunda,
a vulva, a pélvis, a bunda.
o falo, o talo,a flor profunda.
Deus goza ,enquanto ,voyeur
de tempos imemoriais,
interpreta todos os sinais.
E o esperma divino banha o casal,
agora incapaz de distinguiir o Bem do Mal...

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
(Erotíssima)
Em 08/12/2007

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Neuza Maria Ladeira :"Meu Amor"


Neuza Maria

MEU AMOR



Meu amor

No mal sem cura

No céu sem ar



Sente-se amado

Aquele que ama



Amor não se inventa

Vive



Quando me goza

Gozo-te também



Ao copular

união

Entrelaçados



Meu amor sente-se amado

Livre e despojado

Depois de tantas estações



.NEUZA LADEIRA

domingo, 14 de outubro de 2007

SEM DONO




SEM DONO




Hoje ela me ligou e me tirou o sono. É muito difícil dormir, quando uma mulher linda te liga dizendo que quer transar com você, nem que seja por telepatia ou em sonho.

E fica ainda mais difícil dormir, quando você sabe que ela está cheia de sensualidade e sem dono.

E não pensem que eu gostaria de ser o dono dela. Pelo contrário. Se assim o fosse, acho que teria ciúmes de mim mesmo. Seria como ter que conviver vinte e quatro horas por dia com um odiado rival. Acho que, se eu fosse dono dela, eu me dividiria em dois. Um seria eu mesmo. Outro seria o dono dela. E os dois não se dariam bem. Viveriam às turras. Detesto qualquer um que se arvore a ser dono dela. Inclusive, eu mesmo.

Ah, e como me excita sabê-la sem dono! Sem dono ela fica mais bonita, mais amor, mais sexo. Livre, ela fica mais mulher. Sem dono, ela, leonina, vira uma leoa e eu, virginiano, torno-me um (re) desvirginador voraz. Sem dono, a alma dela me seduz de uma forma sexualizada e eu fico imaginando, enlouquecido, como seria se eu pudesse penetrar sua alma, como faço em seu corpo. Seria divino, se eu pudesse gozar em sua alma, encharcando-a com espermas espirituais. Que loucura! Mas, é assim que eu fico: louco, quando ela está sem dono.

Exorcizo meus pensamentos malucos. Esqueço da fantasia sobre a alma e lembro-me do corpo dela. Queria tê-lo agora. Mas, às vezes, as coisas não podem ser como eu quero. É muito tarde para atravessar a cidade. Melhor conformar-me em ficar na imaginação, lembrando-me do corpo dela, agora sem dono, como eu gosto, e, de preferência, nu. Imagino-a nua e isso me excita. Mas, fico só na excitação. Não ousaria traí-la. Nem com a minha própria mão. Não agora, que ela já não tem mais dono.

Parece loucura, mas é assim que a desejo. Sem dono. E, por mais que possa parecer contraditório e incompreensível (ela, tenho certeza, compreende), só assim consigo ser dela plenamente. A verdade é que, agora, ela me possui. E, sem dono, ela é plenamente minha dona. Senhora de mim, ela reina absoluta em todas as posições possíveis e imagináveis, proprietária exclusiva do meu pênis, da minha língua, das minhas mãos, de todo o meu corpo e, até, da minha alma.

Porque é assim que a amo. Sem dono.

É assim que eu gosto de ser dela...


Luiz Lyrio

Texto publicado em "Estalo, a Revista,vol.4 e gravado no CD OISE (selo aNomelivros),na voz do autor.

sábado, 13 de outubro de 2007

Johnnie e Boneca




(...) Depois de alguma resistência, os botões da blusa foram abertos um a um. Suspirou, quando a mão fez o primeiro contato. Era morno. Alguns beijos molhados e os dois pularam para fora. Os bicos eram rosa, muito pequenos; o branco se destacava contra a pele morena(...)

Marco Aurélio Lisboa, em Johnie e Boneca(conto na página anterior)

JOHNNIE E BONECA


O requintado e exigente contista mineiro Marco Aurélio Lisboa, nos manda um conto , onde o protagonista é Eistein.Eis suas palavras:

"Oi,
O seu site erótico está ótimo. Lembrei que tinha um conto incompleto e resolvi finalizá-lo. Ele tem uma primeira parte independente e é cheio de brincadeiras e referências que, para um físico são um prato cheio. A carta citada é rigorosamente verdadeira. Einstein e Mileva se tratavam por johnie e boneca, em sua correspondência amorosa. O resto todo é por minha conta. Espero que goste.Pode abrir o arquivo anexado com segurança(...)"

Agradecemos o envio e o elogio ao blog , no que ele costuma ser parco.


Johnnie e Boneca

Só seis alunos haviam se matriculado na Seção VI-A, Física e Matemática, da Politécnica. A relação estava afixada na entrada da sala, em ordem alfabética de sobrenome. O primeiro era Ehrat, eu vinha em seguida, depois Grossmann, seguido de Kollros. O último nome parecia sérvio e eu não tinha certeza de como pronunciá-lo.

Ela entrou coxeando, em silêncio, e ficou nos olhando, com um ar severo. Quando comentei as minhas impressões de Mileva com Besso, fui cruel: coxa, gordinha e neurastênica. Eu nunca me engano em minhas primeiras impressões. Ela nunca soube desta conversa. Foi a minha primeira traição, a minha primeira mentira. No outro dia começou a loucura.

Lise, minha prima, ficou arrasada. A coitadinha me amava como um cachorrinho estabanado, que a todo instante tropeça no dono. Eu sentia sua falta, quando estava longe e me irritava com a sua adoração, quando estava ao seu lado. Sabia que ela me amaria de qualquer maneira, não importando o que eu fizesse. Mileva era diferente, no início eu até pensei que poderíamos discutir Física de igual para igual.

Sempre fui fascinado pelos telhados vermelhos de Berna e recordo que, aquela noite, logo que saímos da aula, eles estavam grenás. Em breve, passariam pela cor daquele moscatel que era meu preferido, até se tornaram um corpo negro, opaco como fuligem. As silhuetas pontiagudas então se perderiam numa anônima massa escura.

As lâmpadas elétricas, que me lembravam os projetos frustrados de meu pai, felizmente haviam sido quebradas naquele trecho e o muro era baixo, fácil de ser pulado, mesmo para ela. A árvore era convidativa, o tronco inclinado e largo; o quintal estava deserto e a casa ao fundo parecia abandonada.

Depois de alguma resistência, os botões da blusa foram abertos um a um. Suspirou, quando a mão fez o primeiro contato. Era morno. Alguns beijos molhados e os dois pularam para fora. Os bicos eram rosa, muito pequenos; o branco se destacava contra a pele morena. A mão partiu em busca de novos territórios. A saia foi erguida e minha perna, entre as suas, garantiu a abertura de nova frente.

Depois de duas tentativas frustradas, mudei a abordagem.

- Como é que ela está? - minha mão estava por cima do vestido, pressionando o delta ambicionado.

- Ela quem? - pelo tom de sua voz, senti que a nova investida seria bem sucedida.

- A caixinha de veludo - Mileva gostou da imagem.

- Ela não tem nome?

- Boneca. A minha boneca - não sei de onde tirei esta!

- A boneca está com medo - é incrível como mulher adora estas criancices.

- Medo de quem?

- Dele.

- Ele não tem nome?

- Johnnie.

Endireitei o corpo e dei um pouco de espaço entre nós dois. A presa não ia fugir.

- Fale com ele - a minha mão precisou conduzir a sua. - Saboreei o susto que seus dedos denunciaram.

- Oi Johnnie - a pressão ainda era tímida. - Ela o tocava com os dedos esticados, sem segurá-lo.

E assim prosseguiu este diálogo a quatro, que terminou em gemidos e explosões, bem a tempo de escapar do guarda noturno. Eu mal pude esconder o Johnnie, e tive que ocultar Mileva com o meu corpo. Ela conseguiu fechar alguns botões e descer a ampla saia sobre a confusão do campo de batalha. Ficou uma dúvida razoável na mente do representante da lei. Tivemos que deixar os nossos nomes, endereços e ocupações.

- Uma mulher estudante de Física! - nessa ele não acreditou. A partir deste dia, em nossa correspondência, eu fui o Johnnie, e ela a Boneca. Antes de deixá-la na pensão, vieram as palavras inevitáveis:

- Eu te amo, Albert.

- Eu também te amo, Mileva.



O outono está chegando e eu passo horas andando pelo parque da Universidade de Princeton, procurando os vermelhos de Berna nas folhas caídas. As árvores estão perdendo seu verde escuro brilhante, bem diferentes das cores cansadas da Europa.

Já disse aos médicos que não quero fazer outra operação, sinto que o meu tempo está acabando. Pela primeira vez em minha vida, não tenho mais projetos. Meus pensamentos estão de volta àqueles anos em que era jovem e podia fazer qualquer coisa. A única pergunta que realmente importa agora é: será que fiz a escolha certa?

- Quem é mais importante para você? – Eu, ou a transformada de Lorentz?

Um dia eu não agüentei mais e disse a verdade. Ela adoeceu. Ou era isto, ou eu não teria desenvolvido a relatividade restrita. Valeu a pena? Por que eu estaria predestinado a ser Einstein e não Albert ou Johnnie? Poderia ter levado uma vidinha burguesa, funcionário exemplar do Departamento de Patentes, pai amoroso de três crianças lindas. Poderia ter sido um violinista melhor, isso daria um toque de boemia. A humanidade esperaria um pouco pela relatividade. Talvez não tivéssemos uma bomba atômica.

Não, não houve uma escolha. Eu sempre fui Eisntein. Uma pedra que busca o seu lugar no Universo. Abandonado, eu caí em queda livre, rumo ao meu lugar natural. Sempre que penso em Mileva, não consigo fugir da analogia com a experiência de Rutherford: uma partícula alfa indo em direção ao núcleo de um átomo de ouro. No meu caso, a deflexão foi de 180 graus. Eu realmente odiei Mileva. Ela me deixou mais cínico, mais amargo. Casei-me com minha prima, cortejei a minha enteada, tornei-me Einstein. Um velho com a língua de fora, um ar bondoso e ao mesmo tempo desligado. Ascético e altruísta . Nada seria capaz de mudar está imagem, nem mesmo aquela carta que um dia escrevi, impondo as condições para voltarmos a viver na mesma casa.

“a) Você terá de se encarregar de que minha roupa esteja sempre em ordem, de que me sirvam três refeições diárias, de que meu quarto esteja sempre em ordem e de que ninguém mexa no meu escritório; b) Você deve renunciar a todo tipo de relações pessoais comigo, com exceção daquelas necessárias para a manutenção das aparências sociais. Não deve pedir que me sente com você em casa, que saia com você ou que a leve para viajar; c) Deve se comprometer explicitamente a observar os seguintes pontos: não deve esperar afeto de minha parte e não me reprovará por isso, deve responder imediatamente quando lhe dirigir a palavra e deve abandonar meu quarto ou meu escritório em seguida".

Fui um tirano doméstico e um mau pai. Tive amantes ocasionais, e mulheres eternamente dedicadas a mim, que me endeusaram. Meu nome foi usado para justificar as piores políticas. Como cientista, mereço todas as estátuas e mais algumas. Valeu a pena?

A luz do abajur me incomoda, interponho a minha mão. Nas suas costas vejo as veias saltadas e uma pele coberta de manchas senís. O quarto todo está escurecendo, os objetos vão perdendo o contorno e uma veia lateja em meu cérebro. Antes do fim, a minha mão enrugada se fecha sobre os seios mornos de Mileva."

(Marco Aurélio Lisboa, Belo Horizonte, MG)

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Um dia a montanha foi mar...(Clevane Pessoa)






Um dia a montanha foi mar...



Clevane Pessoa de Araújo Lopes



Os dedos do poeta que escreveram versos

em corpos marcados de poeira e amoras,

compensados pelo cheiro impossível dos impedimentos.

Molharam-se na maresia das praias desertas e jamais dantes

percorridas pelos os róseos pés aquecidos ao sol intenso...

Criaram ,com as suaves unhas, hieróglofos em forma de cunhas

para que quando as asas do tempo trouxessem viajantes do futuro,

e então aquele amor estranho e intenso de amantes

fornecesse matéria abstrata para o código abstrato,

os estudiosos se perguntassem se era plausível, possível,concebível,

que se amasse tanto assim, através dos dedos da alma,dos dedos das mãos

já antigas quando tudo começou e deixou signos e signais...



Mar, não existe nehum mar agora,e apenas atrevidas, erguem-se as montanhas,

as montanhas fartas ,verdes e sensuais das Minas Gerais,

que escondem nos seios e nas ancas , nos ventres misteriosos e grávidos,

tais segredos ancestrais...



E eu, que ao ler os versos do poeta, passo os lábios e encomprido os olhos sensuais,

quero ouvir sua voz, e pensar que foram escritos para mim, esses poemas embalsamados:

juro que têm gosto de sal e de algas, de sol e de estrelas -do -mar,

gostos de praias e peixes , os mesmos cheiros e sabores que ,por atavismo ,teimosos,

guardam-se na concha resguardada entre minhas pernas bambas,

a aguardar, séculos após, que desenhes novas letras e rimas no meu corpo

e que com tua língua antiga e sábia, o sal e o calor lambas,

em busca da pérola nacarada que resgatarás da leve espuma

para o prazer sutil e absoluto,para a riqueza acumulada em tempo de espera...



Na montanha , houve mar,em priscas eras, onde amaste outras mulheres

mas quem se guardou inteira para o equinócio da primavera

e preservou rosas esverdeadas e cheias de ondas, salgadas e perfumadas

fui eu, para teu gozo, musa de teu sonho, de tua luxúria, de tua im/paciência...



Por isso, leio tua Poesia magistral e catártica,plena de códigos
para mulheres de outrora
e acredito, entre ingênua e buliçosa,

que escreveste ,mesmo sem saber, todos os códigos da rosa,

para que eu a lesse e entendesse, decodificasse e repondesse, um dia...



BH, 10/10/2007

"O Som de Negros em Cuba"(Lázaro Barreto)




O SOM DE NEGROS EM CUBA (*)


- Lázaro Barreto

Quando chegar uma das luas cheias de teu olhar
ao som dos nativos de Cuba no Caribe
irei a teus lábios
escalando teu corpo de formas emboscadas.
Quando os pingos da água na folha do inhame
forem rosas de maio de doze pétalas cada
irei a teus lábios.
Irei a ateus lábios
pelos cinco caminhos da beleza de teu rosto:
os olhos, fontes de auréolas
o nariz dos merecidos beijos
os lábios que comprimem e reviram
os dentes de imprecisas romãs
a língua, pétala clitórica, fita de palavras
imprevisíveis.
Irei a teus lábios.
Sempre digo que irei a teus lábios,
ó lenitivo das horas montanhosas!
ó manacá na serra das hortênsias!
Sempre a ler a caligrafia das rugas rubras
irei a teus lábios.
A seguir as incisões da água e do vento na pedra
(esse livro de folhas coladas)
irei a teus lábios.
sempre digo que irei a teus lábios
no calor temperado de folhas verdes.


(*) – Paráfrase do poema de Federico Garcia Lorca.
imagem.


Imagem:cartaz do filme Durty Dancing 2 -Noites de Havana ("amor e música na revolução cubana")

Noites de Havana" ,ambientado no ano de 1958.
baseou-se numa história real :a vida da da coreógrafa e produtora americana JoAnn Jansen.
Ela passa a adolescência em Cuba,onde experencia , em La Habana seu lado amoroso, sensual ao lado de um rapaz cubano.



Poema publicado originalmente, por Everi Carrara ,na Coluna Cultural http://telescopio.blog.terra.com.br/, onde se encontrará mais poesia e artes.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

FRENESI:João & Efigênia








Um duo, entre duas pessoas poetas de quem gosto muito:o jornalista mineiro João Evangelista Rodrigues e a Presidente de Honra da AVSPR,onde sou um dos patrono, Efigênia Coutinho.





FRENESI ( DUETO COM EFIGÊNIA)






João Evangelista Rodrigues





amor cigano por um dia, nunca mais se esquece


nem por engano poderia


para sempre esquecereste imenso amor tirano


o que fez de mimo que bem queria


e em troca lhe beijei os pés


prazer do amor na boca


o mais que se puder beijar


foi por isso que meu corpo


em ilha se tornou


para receber seu corpo de água


e suspirar sem fôlego


sob o fogo de seu afago,e quanto mais amor eu bebo


mais me sinto seco de mar amado e por isso em ondas revoltas e aladas


seu corpo rodopia e seus braços de sal mal sente o ardor


que me leva para longe do real


do calor que me dardeja ao frenesi


sem território feito o mar sem fundo que o sol deseja




joão evangelista rodrigues

Efigênia Coutinho ;






FRENESI





Suave Frenesi de calor


que me leva a desejar


teus braços, sentir ardorno


que te faz rodopiar.


Rodeia-me o corpo todo


suspirando pelo afago,beija-me assim com denodo


porque teu fogo eu apago.


Se é prazer de amor que queres,


faz de mim o que quiseres,beija-me o mais que puderes


porque te dou o que deres.


Visigodo por um dia,eu cigana para sempre,


nunca mais esqueceria


este amor da nossa frente!






Balneário Camboriú

De Abelha e colheitas


abelha
líria porto


de tudo que vi

escolhi os teus seios

retirei do entremeio

dentre as contas em cor

um cadinho de mel

lambuzei minha boca

tinha gosto de uva

depois da chuva.
A autora ,mineira do chamado Triângulo, com duplo sentido, aqui,nasceu em Araguari,reside em Belo Horizonte, escreve poesia sutil, muitas vezes erótica -e até mais-que-erótica.
No momento, abriu outro, apenas de erotismo, quando eu souber o endereço, postarei aqui.
Poemeto 3,para Líria
Clevane
Líria Porto
nasceu em Araguari,
mora aqui,
onde faz sementeira
deságua
e ara
as sementes do Triângulo.
Colhe gavinhas e lírios.
Mineira.

Se Gabriela Brunch, Poema 22


Poema 22

quisiera saber qué cosa quema que no me pasa
porque a todos les incendia
esa concatenación atenuada
de dardos de veneno dulce parecido
a la mermelada de naranja
penetra la piel y la desbarata en un segundo la explosión
de la carne el cuerpo se pudre de a poquito
como todos los días pero un tanto más


(enviada pela autora)


Fonte:"Revista La Iguana"


Nostalgia, sensualidade plena







NOSTALGIA


Lázaro Barreto

Homenagem às estrelas do cinema das décadas de 40 e 50: Ava Gardner, Anne Francis, Alida Valli, Anouk Aimmé, Brigitte Bardot, Collen Gray, Catherine Deneuvre, Cláudia Cardinali, Claire Trevor, Doris Day, Dorothy Lamour, Debra Paget, Esther Willians, Eleanor Parker, Gene Tierney, Gina Lollobrigida, Grace Kelly, Ingrid Bergman, Ida Lupino, Jane Fonda, Janeth Leigh, Jean Arthur, Judy Garland, Jeanne Moureau, Lizabeth Scott, Liv Ulmann, Lana Turner, Loreta Young, Lesli Caron, Marilyn Monroe, Mala Power, Mary Murphy, Micheline Presle, Milene Demongeot, Olívia de Havilland, Píer Angeli, Paullete Goddard, Patrícia Neal, Rita Hayworth, Rossana Podestá, Ruth Roman, Ronda Flemming, Sofia Loren, Silvana Mangano, Simone Signoret, Tereza Wright, Wanda Hendrick.






Homenagem extensiva às similares estrelas brasileiras do estrelato cotidiano da mesma época, anônimas.







Para chegar perto da rosa em suas rosas viajei



nos dedos, na língua e no sopro do saxofoneno vocabulário do Aurélio



nos étimos e tropos da filologia



no trivio da gramática-retórica-dialética



até fincar na terra um galho de roseira e saber



que como ela as flores têm óvulos nos ovárioso



cálice de folhas verdes nos bordos do tálamo



as pétalas dentro do cálice e as glândulas



que elaboram suspiros e secreçõese



a saliva da boca e a insulina do sangue.




O relevo do terreno na sombra da árvore está ali



para eu deitar e olhar com os olhos fechados dentro de mim



olhar e ver as filigranas dos gravetos secos e verdes



os intervalos entre as coisas e as palavrasda natureza



nela e em mim:ela que parece viver com a rosa para a lua



tão libidinosa (a rosa) e tão carinhosa (a lua).
O desenho da beleza começa no ovário e no carpelo vai pelo pistilo afora



esgalhando nos estames e pétalas



até desabrochar na corola e na provisão de néctar (perfume e doçura)



e nas cores da melhor vida melhor!






Foi assim que conheci a rosa mulher e flora formosa na pureza da sedução



a boca musical ornamentada



a filha caçula da família dicotiledônea o vitral da igreja,



a agulha de marear a mostradeira dos rumos infinitoso



amor agarradinho da trepadeira do jardim.




Se eu viver muito tempo quem



comigo conviver há de dizer



que não me entendeu.



Pudera! tampouco eu me entendi!



Tanto andei em tantas peripécias



para chegar ao rosto dos eflúvios e fluidos



aos hormônios perfumados da rosa de Jericó



a que podia ter muito amor sexualali no íntimo



apesar do estorvo de tantas abelhas



nas idéias e nos corações



a fazerem outro mel de outro amor.
A rubra rosa dos cancioneiros medievais



pontua cinco vezes o corpo sensual



é assim que chegamos antes de chegar



é assim que beijamos antes de comer



são cinco as marcas da libido do desejo(os mesmos cinco desejos da paixão).






É assim que chegamos perto da fotossíntese



da clorofila cinco milhões de vezes



a tocar no caule na floema no estoma



no xilemanas anteras e nos feixes e tecidos vasculares



nos cílios nos mamilos no clitóris na rosa na rosa



é assim que chegamos



agraciados de *pólens benfazejos.






Lázaro Barreto, grande escritor mineiro, de Divinópolis, a quem publiquei quando trabalhei na Gazeta Comercial, de Juiz de Fora, MG, nos Anos 60,completou mais de sete décadas de existir- e a sensualidade plena, a aflorar nos versos.

Escreveu, com Adélia Prado, o Auto natalino Lapinha de Jesus.

E mais, entre outros e outro tanto de inéditos:Árvore No Telhado;A cabeça de Ouro do Profeta.




Fonte:blog do autor

lazarobarreto.blogspot.

Contatos:lvrb@ig.com.br








terça-feira, 25 de setembro de 2007

Flora


Andéia Donadon (que assina Deia Leal, nas Artes plásticas),de Mariana, MG, acaba de enviar-me essa imagem de uma de suas telas, docemente erótica.
Escrevo:
De/flor/ação
Flores de fora,
flores de dentro,
deflora
o macho,acho,
sem demora, com demora.
O hímen:
flor de flora secreta
que úmida.
lava-se em vinho
quando se deflora...
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte,2609
A segunda estrofe, publiquei nos Anos 60.Complementei agora, com a primeira.

Homem & Mulher


1)Ponto de vista masculino


Um texto de erotismo encantador...


A BELEZA INTERIOR DA MULHER


- Lázaro Barreto.



Desde quando a conheci e dela enamorei-me e com ela noivei e casei que vivo esforçando-me (como diria Shakespeare em “Noite dos Reis”?) para injetar minha alma no corpo dela e assim conhecê-la por dentro como já (presumidamente) já a conhecia por fora mas desde sempre meus olhos sonham morar nos olhos dela minhas mãos desejam acariciar-lhe de dentro o ventre grávido de sua vitalidade meus lábios querem beijar também por dentro o umbigo dela que já fechado por fora e assim foi assim que num belo dia seguindo pelo descampado até chegar ao pé da serra quedei-me a vislumbrar a região da mente dela a mente dela que é como se fosse a própria pessoa dela na hora mais sutil dos arrazoados das cintilações das sujeições e dos objetivos da mente que tem olhos verdes negros azuis castanhos imbuídos de pensações lilases envolvendo a metafísica nas horas vagas e a poesia nas horas ocupadas e ali bem perto dos olhos a boca com a senha das possibilidades dos assovios e cantorias e balbucios e dentadas e dos beijos na propulsão dos ímpetos nos beijos as saudações da saúde nos beijos a ânsia de penetração das palavras de amor as evasivas do silêncio repentino entre a boca e o sexo e assim a seguir entre o céu e a terra nos ondulados horizontes a descobrir os renovados aspectos e semblantes e sabores sob o transparente cortinado a rever os meandros e matizes do paisagismo mimético repleto de mimos garridos das beldades gratuitas dos seres multicelulares apinhados de seculares sensualidades ah tenho dito que não passo de um reles fazendeiro situado aqui nesta Cachoeira do Corpo Inteiro na região das chamadas Sete Léguas ao Redor onde vivo por viver sem nada criar nem destruir sempre a cuidar dos pastos e roças das nascentes e dos poentes de minha própria pessoa.



De minha própria pessoa tiro a força de vontade para entrar e sair nas grutas e minas e capoeiras do corpo da amada no qual fico dentro horas e horas a folgar descansado e ofegante assim horas e horas esquecidas e lembradas atentas e dormidas a respirar e aspirar os frescores e calores dos momentos mais eternos da intimidade onde apraz-me palmilhar as várzeas e beiradas de rios e esbarrancados em seus lotes de praias e de matas ciliares ora deitado na relva ora nadando de braçadas nas correntezas e remansos de onde a seguir ponho-me a caminho das trilhas nas veredas das frondes hospedeiras já dentro da capoeira e na beira da clareira onde paro para espiar o que os olhos físicos transferem para os anímicos no sombreado das folhagens cenográficas a resvalar-me a espremer-me nos ícones feiticeiros e totêmicos dos humores perfumados na obscuridade dos ares agora gretados.



Dos ares agora gretados entro na gruta onde a pátina pacienciosa vai aperfeiçoando as feições das criações e das criaturas das belezas naturais e já da porta da gruta vejo e sinto as alongadas lantejoulas pendentes do teto encurvado e meloso a sentir então mesmo ali naquele momento que realmente estou na região dos palácios da mãe da água dos poços de tantas riquezas e magias ainda a ouvir sim ainda a ouvir o gemer da floresta lá fora e o cantar dos passarinhos lá fora agora a observar o préstito nos círculos sob abóbadas de ermidas laterais e dos silenciosos turbilhões entre blocos de artefatos de argilas reluzentes (veieiro de pirites? oligisto especular?) dos remotos vestígios agora tão futuristas nas furnas e lapas adjacentes cada qual mais convidativa aqui e ali prenhe de filetes ruborizados e lembranças e perspectivas de bocainas desterros araxás nos sacrários e caraças e sossegos e sumidouros e congos e tiriricas a ver também os miúdos mares de espanha e algumas cavernas entupetadas de especiarias e também as inscrições rupestres estritamente primitivas e artesanais no caprichoso desacerto da expressão figurativa nas paredes internas do alambrado daquelas eras tão perenes e mais um passo que dou encontro as concreções estalactáticas em seus esvoaçantes cortinados e púlpitos e altares e vitrais ah oh a ascese das devoções de um certo iluminamento celestial a vazar do estatuário das súbitas aparições.



A vazar do estatuário das súbitas aparições eu penso e sinto como é bom apalpar as maçãs dos peitos do lado de fora e chupar as laranjas campistas do lado de dentro contente e feliz no sombreado do pomar recoberto de orquídeas a navegar na interioridade do esbelto corpo da amada finalmente conhecendo os momentos e os lugares na inteireza multifacetada das copiosas membranas e células e microorganismos álacres e pululantes assim mesmo na profusão ágil e viva e coesa dos tecidos microscópicos as esferas os discos as varas os fusos o temperamento dos sais com os doces e os cálcios o apego das raízes e cipós nas intermediações da constelação biológica da funcionalidade logística dos segmentos intrinsecamente articulados.



Os segmentos articulando toda a engrenagem na beleza harmônica da sociabilidade dos elementos e das junções multidirecionais e uniformizadas em tantas variações contendo aqui e ali os genes as enzimas as proteínas as clorofilas as moléculas os pigmentos as dobras macias as ósseas vértebras tudo a perpassar a transcorrer detidamente em rigorosa disciplina cada uma das mínimas unidades estruturais até chegar à aldeia onde vivem os cromossomos aguardando o porvir enquanto sorve mais um gole da saborosa libido para inteirar-se das energias psicossomáticas e assim mesmo sem tirar nem repor que repenetro nessa beleza interior pelos canais competentes até lá onde posso abraçar as folhas dessa roseira como se essa roseira fosse uma bainha abraçando uma cintura mesmo ali onde a cova macia do terreno recebe a semente e desenvolve o embrião mesmo ali onde as flores passam entre galhos e trompas e sintetizam os hormônios do bem estar para que assim possa a pessoa de tantos adereços e aglutinações cantar suas louvações ao Criador das Maravilhas e é assim refeito em mim mesmo depois da transida incursão e já do lado de fora da enxameada senda de mel e albores fico agora a contemplar a vivíssima paisagem dos altaneiros sítios da mente dela a mulher de olhos verdes e negros e azuis e castanhos e belos como tenho dito.




2Ponto de vista feminino



Sobre DELEITE, de Lázaro Barreto


(da palavra amoROSA)



Que poema plúmeo e carnal,garça e peixe!

Da papilonácea forma ,a sombrear

a doce calcinha branca de C.Charisse

ele não fala em compasso aberto,

pernas de homem a retesar desejos.

A borboleta oculta, ele não disse,

mas todos a vêem e imaginam

pulsátil qual o próprio poeta,

rósea recoberta de penugem

ali presa sem poder voar,

até que seja liberta

pela pena e pela escama

anagrama em cores,

na grama, na cama, no ar...


Clevane Pessoa

Bbelo Horizonte, 18/12/2006


Relatividad


Relatividad



Ojos en los ojos,

intimidad:

espejos en espejos,

la dulce sensación

que recibe y clausura

el deseo infinito

-asi como otros miran

a través del proprio deseo,

el cuerpo de la otra persona,

necesario y perfecto

a la completud,

yo soy tan presa a ti,

que miro mi vida

a través de tus ojos,

de tu placer voraz,

de tu interés renovado,

de tus carícias llenas.


Pero, para eso, no es necesario

contemplarte siempre.


Esa, la libertad relativa

que tiengo ,pués quiero

volver siempre a ti

y que volvas a mi.

Para mi, no es necesario

nada más que fantasiar,

asta que viengas de verdad


Suada


Suada/
Clevane Pessoa


A crochetar uma renda,

oferecer-me de prenda,

seda barroca bem trabalhada:

vestida de pêlo, de pele,nua,

acordo sozinha a uivar

no silêncio,o que insinua

esse olhar voraz de desejo

insistente que em mim sua,

-enquanto o espírito estua,

ao vento levanta o pó,

ardente, ardendo e só.


(In" Minha Era de"...)


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Encontro


Encontro


Clevane Pessoa de Araújo Lopes



A vinha, a vindima,o vinho

a gavinha

a garra...


Você vinha

com beijos de vinho,

boca de tinta

de vinho tinto.


Levinho, vinha,

conforme convinha


-dentro de meu coração cansado,

azinhavre.


Acre ácido

a corroer a emoção, o desejo guardado.


O colo fremente, mas não de paixão.


A camisola, levinha,

a uva,o vinho, a vinha,

o sonho, a sanha.


A gavinha partida.

A ida.


Des/encontros de verão.


Hoje


Hoje


E pela manhã,
o apelo da maçã,
suas formas, bochechas
ancas e nágegas...
O jasmim- de- poeta
que atrai, botão fechado,
pelo aroma imprevisto.
Depois,se abre estrelado,
para se desafazer no ciclo vital,
aos teus dedos,
o cheiro já mofificado:
pêssego, sândalo, patichuli,
o gosto já misturado:
cravo, rosa,almíscar e ambrosia.
Nem mais importa,
depois de aberta a porta,
se é gosto ou odor,
rubrica de um vinho precioso;
é apenas o resultado da mistura,,
da amorosidade que se fez embate
com as armas da paixão e da ternura...

Clevane Pessoa,

em manhã d'ouro aéreo,20/09/2007

(Folhetins do Cravo e da Rosa)

Bons Son(h)os


Bons sonhos
son(h)os
Sons...
o.....s
seios,anseios, receios...
sssssssssssss

O <---

+
(Clevane Pessoa)

erotismo


Há um tênue limite entre a pornografia, a obscenidade e o erótico.

Adoro poesia erótica, prosa literária também.No cotidiano, é a eroticidade quem nos mantém acesos : Eros ,um alado deus mostrado em forma de criança,tem asas de beija flor ,incansáveis.O amor é mesmo aeróbico, com asas que levam ao mundo mágico da fantasia, que mergulha no imaginário e existe, apesar de.

O mito de Eros e Psiquê, bem mostra bem esse mistério necessário e depois, a resiliência amorosa, que perdoa e se refaz de si.


Quando eu era jovenzinha, apesar do Colégio de Freiras e das tentativas de educação limitante, escrevi e publiquei, sem pejo:


Mais sensual que eu,

só Deus,

que fez o bem e permitiu o mal

e tem

os sentidos mais aguçados que os Meus...



Esse poemeto, era repetido, no NUME (Núcleo Mineiros de Escritores, em Juiz de Fora), pelos mais velhos, deliciados.


Mas lá, quase todos bem mais velhos que eu, eu era considerada um anjo, a protegerem.De comportamento impecável e poética incendiária, porém...


Meu amigo Lázaro Barreto, com mais de sete décadas,mostra-se encantado com a liberdade que as mulheres poetas possuem hoje, para expressar o sensual, não pelo olhar masculino,mas pelo próprio...


Gostaria de escrever um livro erótico , em co-autoria:homem, mulher, cada qual ciom sua visão.Talvez convide Lázaro, que é de verve refinada, para fazê-lo.Se ele o desejar.


Então, será chamado Erotíssimos.Ou Folhetins do Cravo e da Rosa,nome de uns estudos que ele e eu estamos desenvolvendo por e-mail.


Mas postarei aqui o que de melhor encontrar,de autores que se aventuram no hierogamus...


(Clevane)
Na imagem , concepção de Magritte, que aprendi a apreciar muito,nas aulas de uma padre, Dalton, que foi meu professor de Psicologia Social, pois passamos um semestre estudando Gaiarsa ("Tratado Geral da Fofoca", Summus editorial,), cujo livro ,cito entre parênteses, é todo ilustrado nos mistérios da mente humana, em concepção de artistas-e as telas de Magritte, das mais usadas.